Como todos sabemos, a revolução industrial é uma das etapas mais importantes de toda a humanidade, evidenciando o avanço do homem nas questões de mão-
de-obra, relações trabalhistas, divisão do trabalho e também, a noção dos economistas e dos ativistas naquela época foram muito influenciados por essa
revolução. Nesse período, surge Adam Smith, um grande pensador econômico,
considerado o pai do liberalismo, fundador da economia moderna e também o
primeiro a entender o funcionamento na questão competitiva mercadológica,
como a natureza da oferta e da demanda e também era um grande entusiasta do
livre mercado. Escreveu a Riqueza das Nações, considerado por muitos o livro
mais importante da economia já escrito, influenciando boa parte dos seus
sucessores e nele, surgem 5 tópicos os quais são considerados os mais
importantes: o Livre Mercado, o Comércio Internacional, A Mão Invisível do
Mercado, a Divisão do Trabalho e a Teoria do Valor Trabalho.

Quando nos aprofundamos nestes temas, ficam evidentes que respeitam o
racionalismo a priori. O Livre Mercado traz a premissa de que, a definição da
palavra Mercado, é onde se operam as forças de oferta e demanda e caso haja
uma distorção nelas (prioritariamente causado por regulações econômicas),
poderá afetar uma cadeia enorme de produção dos bens e serviços, na maioria
dos casos prejudicando-a e assim se entende que o ambiente de trocas
voluntárias deve ser operado de maneira livre, a fim de atingir o seu maior

potencial. No mesmo caso, o Comercio Internacional é designado por Smith de
maneira a nação deve desfrutá-lo afim de adquirir fontes de riquezas, afirmando
que dessa maneira torna-se possível que várias nações possam se especializar
em algum bem e serviço e que estarão disponíveis a trocar de maneira mais
volátil. A Divisão do Trabalho é defendida por Smith pelo quesito de que
indivíduo possa ter a sua divisão como modus operandi de maneira organizada,
cada um poderá aumentar a sua eficiência econômica. A Mão Invisível do
Mercado traz o conceito de que se a oferta e a demanda, atendem aos
interesses da nação de maneira natural, logo, Smith introduz esse conceito,
onde as forças da sociedade como um todo são autorreguladoras, não haveria
a necessidade de intervenção, centralização e controle nos componentes que
asseguram a economia. E o último, o economista trouxe em evidência a Teoria
do Valor Trabalho.

Até esse ponto pode-se perceber que o pêndulo da razão se destaca em Smith,
notando que as forças mercadológicas são capazes de atuarem sozinhas diante
da civilização, que o acúmulo de riqueza é algo importante para a prosperidade
da nação e que regulações causam uma distorção no mercado atingindo
diversas cadeias produtivas de maneira negativa. Mas quando falamos do
Valor-Trabalho, fica um pouco mais difícil de entender como a lógica dessa ideia
funciona. De acordo com Adam Smith, o valor de um bem e serviço é
determinado pela quantidade de trabalho investido no mesmo, mas quando
paramos para analisar formações de preços dos bens e serviços, que são o
reflexo do valor que aquela atividade possui, a Teoria do Valor-Trabalho passa
a ficar difícil de se concretizar. A maneira de como alguma coisa, bem, recurso
adquire valor, irá depender da sua escassez, pela quantidade da sua oferta e
da sua demanda. O Valor-Trabalho passa a ignorar esses requisitos, e utiliza
da “quantidade de trabalho inserido”.

Como podemos quantificar o trabalho? Seria a partir de horas investidas? A
partir de recursos investidos? É um fenômeno numérico? Podem existir unidades
de trabalho? O que talvez possa explicar essa linha de raciocínio, pode ser o
contexto histórico no qual Adam Smith vivia, em meio a uma revolução industrial,
onde a maioria dos homens comuns eram subordinados a trabalhar de maneira onde suas funções eram motoras coordenadas de maneira seguir um padrão de
esforço repetitivo, tendo seus salários contabilizados nas horas trabalhadas
nessas funções.

O problema em questão é que, seja hoje no século XXI tanto como no século
XIX, a teoria do Valor-Trabalho não é capaz de ser transposta para a realidade,
pois é incapaz de existir a quantidade de trabalho, porque todos os indivíduos de
qualquer esfera da sociedade são diferentes, e, portanto, trarão resultados
diferentes. O que se pode fazer é “estimar” o mesmo resultado de dois indivíduos
X e Y, colocados sobre o mesmo serviço, e mesmo assim ainda seria muito
improvável que haveria o mesmo rendimento. Sua questão polêmica é que
quando foi desenvolvida, foi abraçada por quase todos os sucessores, a ponto
de influenciar as escolas Marxistas vigentes e também a “matematização” da
economia e da realidade. Até hoje vemos exemplos absurdos justamente por
essa influência, como nos casos de universidades contemporâneas de economia
introduzindo disciplinas como “Economia Matemática” ou “Econometria”. Onde é
deixado de lado qualquer objetivação da ação humana perante os fenômenos de
escassez, diferença social entre os indivíduos, e também da oferta e da
demanda.

Portanto, o que se pode tirar o Pai da Economia seria de que suas ideias
influenciaram com muita positividade e com muita prosperidade para um
crescente capitalismo a surgir com as ideias da liberdade econômica, mas
também foi fruto para que nascesse a vertente de quantificação da economia,
reduzindo-a a números. Mises conseguiu entender o sentido filosófico da
economia e transpor isso para uma ciência que carecia de figuras capazes de
não relativizar o meio econômico. Como explicado por ele, a economia se define
pela “lógica da ação humana”, onde a ação se torna concreta e um indivíduo
consciente de si, toma decisões conscientes para atingir um fim que é variável
ao seu desejo (ou terminologicamente “utilidade”) e, portanto, essa decisão irá
variar com a sua preferência temporal, que dependerá dos seus anseios,
pensamentos, vícios e valores morais ou seja, nada do que pode ser
matematizado, ou quantificado. Tendo essa definição, a economia fica em um
pêndulo, onde as relações humanas não podem ser matematizadas, mas a formação de preços e agregação de valor podem ser especuladas, mas nunca
com afirmação exata.

A Teoria do Valor-Trabalho de Adam Smith não consegue dar continuidade pois
carece da lógica do mercado. Se o economista quer entender se determinado
bem ou serviço vai baixar ou aumentar o seu preço, é necessário ter
entendimento do tipo de mercado está inserido, desde a informação de se haverá
o aumento da determinada oferta, as questões monetárias, ciclos econômicos e
etc. Dessa forma conseguimos concluir que os fatores que estimularão a
agregação de valor não podem ser pela quantidade de trabalho investida, é
necessário o conhecimento das forças operantes que compõem o mercado
desse bem, com o lastro na lógica da oferta e da demanda. O erro de Smith
nesse quesito foi querer simplificar o conceito complicado mercadológico de
agregação de valor.

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